vai dai


vai dai não saí daqui. Ninguém me empurrou, nada de anormal se passou, fiquei. É um facto. Nunca em tempo algum me mexi, a não ser que fosse preciso, ou que alguém, de argumento na mão, mo impusesse. Por isso, agora mesmo também não o faria, nem o fiz. E ainda aqui estou. Entraram-me porta adentro. Ficaram séculos. Qualquer coisa que se remexesse mais lá para o centro da Europa, e ai vinham eles, desvairados em direção ao Sul. Instalavam-se, e muito bem. Nós não dizíamos nada. A terra é nossa e deles. Mas lá vinha um dia que, de aliança no braço e varríamos os rapazes. Já era tempo de se porem ao caminho. Um dia içaram-se velas. Tinha-se estudado para isso. As gentes andavam com fome. “Havia carne de cavalo a bordo”. Era muito forte. E claro está, perdido por cem, perdido por mil. Juntou-se a fome com a vontade de comer, uns porque não tinham, outros porque queriam mais, e outros ainda com sede de saber. Afinal, seria isto esférico? Hoje fala-se do mesmo. Será o Universo finito? Na altura o universo, terminava no céu e no horizonte do mar. Tantas histórias se fizeram depois disso e tantas outras se contaram e mais se acrescentou quando não soubemos largar a terra dos outros como se devia. Com um obrigado. Mas assim não entendeu quem timonava à altura. Mandou morrer quem de juventude padecia, quebrou vidas e a vida do país. Perdemos mais do que o ouro, perdemos futuro. O homem de então caiu de podre. Ninguém o suportava mais. Embora haja quem vocifere de saudade. Tontos. Tontarias! E agora mandam-nos sair, que a gamela não tem mais: mugiram a vaca e ninguém lhe quis dar palha, sabemos ao que isso leva, porque neste espaço-tempo, as leis de conservação são inevitáveis e por de mais vezes verificadas. Bom que vás buscar lá fora o que nos falta aqui dentro. Vou eu, que já fui a tanto sítio e que guardo na minha cultura tanto de tanto lado, agora pedem-me que vá outra vez e eu só vou se numa nave me puserem, que outros mundos há para se conhecer e se este me der fome que valha a coragem. Pois, mas é de Portugal que falamos, pois é de um canto sossegado que se dá com todos e a ninguém vira costas, o melhor lugar que o mundo conhece, as melhores gentes que este planeta tem, e afinal, no meio de tanta gente boa, há alguns políticos, de entre muitos políticos que não se vendem, existem meia-dúzia de chico-espertos, que se julgam melhores que todos os outros, que fazem por esquecer quem os alimenta e não honram o que deviam. É por isso, que sem barrar estes, ainda por cima malidecentes, sem lhes quebrar o caminho, sem lhes impor a transparência, não vamos a nenhum lado que não este que agora vivemos.

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