Ruído. Ruído. Ruído. Ruído. Monotonia. Sem cor. Monocórdico. Tudo amarfanhado numa bola sem caminho. Todos amassados numa carrinha sem propósito, que se espanta estrada fora, cega aos sinais, perigos ou a quem vai dentro. Como um tiro atrás das palmas, dos contratos, da grandeza-rica-de-números, dos elogios baços e voláteis. São guitarras aos berros, baterias em guerra, vozes camufladas, letras sem se distinguirem: o que dizem? Têm medo de se fazer ouvir.
Quem a vê passar, parado, na berma da estrada, sabe que assim se sabe onde se termina. Junto a um segredo mais velho que o passado, diz assim, esse que se espreguiça na berma: se se julga que se pensa a esta velocidade, que se faz diferente sem parar, às votas e voltas, sem escutar, sem estudar, sem perceber a consistência própria, e porque se faz assim e não de outro modo qualquer, sem perceber os outros modos de fazer, acaba-se num precipício semelhante ao desespero de não ter vivido e vive-se no medo, na vertigem do medo, como um escravo em tempo de liberdade.
E por vezes escutamos música, que nos limpa desta vertigem de velocidade: