outras vidas

outras vidas

Quem segue, quem se cruza, outras vidas, outros caminhos, não o esqueças, há os outros.

nós

nós

não merecemos estar neste planeta

gentileza, isso fica

vivemos perto de tudo e longe de nada, ou vivemos longe de tudo e perto de nada. Gosto mais da segunda, porque nos salta da vista quando recordamos a primeira imagem da Terra vista da Lua ou melhor ainda, a primeira imagem que a Voyager 1 tirou nos anos setenta. Não há nada por perto. Quer dizer, ninguém. Estamos mesmo ali e não há como sair. A primeira fica por fim, é a escolha,  os pés estão na Terra e a gentileza nos humanos, o gesto para os outros, sejam como nós ou diferentes, como se estivesses só para esse outro.

cidade

Aliás, comparava toda esta investidura que vivera até agora com a vida de uma cidade; os longos corredores por onde fogem os-outros em fuga acossada, os longos automóveis que se engolem uns aos outros numa louca correria, lembra a fuga do casamento, aos gritos estridentes do som abafado das injúrias furibundas fugidias dos objectos rigorosamente estranhos de um casamento que se ausenta sem nunca desaparecer por completo.

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compreender os outros Understanding the others

“Em que medida é possível compreender o amor ou o sofrimento de uma pessoa? Em que medida podemos entender os que vivem sofrimentos dilacerantes e opressões muito mais graves do que as nossas? Mesmo admitindo que, transbordantes de compaixão, pudéssemos meter-nos na pele dos que são diferentes de nós, como poderiam os ricos e os grandes deste mundo compreender, uma vez só que fosse, os milhares de milhões de miseráveis que vivem nas usas periferias? E em que medida o romancista Orhan podia captar a vida obscura, difícil e dolorosa do seu amigo poeta?”

Orhan Pamuk, Neve, p.265, cap. 29

My translation from the Portuguese:

‘To what extent one can understand the love or the suffering of a person? To what extent can we understand the living heart-rending sufferings and oppressions much more serious than ours? Even if, overflowing with compassion, we could get us in skin of those who are different from us, how could the rich and the great of this world to understand, once it was, the billions of poor people living in the suburbs you use? And to what extent the novelist Orhan could capture the hidden life, difficult and painful of his friend the poet?”

Orhan Pamuk, Snow, p. 265, ch. 29

O Outro

O outro, os outros, são estes, que nos trazem esta cultura, este saber, esta beleza sem tempo. São pessoas, não coisas!

transversal

Sempre pensei que o bem e o mal seriam conceitos transversais a todos os humanos, ou seja, que todos sem excepção identificariam o bem e mal do mesmo modo. Contudo, esta abordagem é grosseira. Na verdade, os humanos são ao mesmo tempo muito parecidos e muito diferentes. Para todos, sem excepção (excepção para quem esteja envolvido em actividade política), a alegria, o bem estar, a felicidade, a família, a generosidade, os amigos, o receber bem e a tolerância são identificados com o bem. Por outro lado, temos a nossa cultura, cada um tem a sua cultura. E cultura entendo como as crenças, a religião, o modo de fazer, os ideias, a visão do mundo. E aqui somos muito diferentes, embora partilhemos de alguns conceitos, existem pequenas nuances que fazem divergir muito. É aqui que a política entra em acção. É aqui que as negociações nunca se podem abandonar. Procurar que as razões da cultura não nos larguem o diálogo com os outros. Todos temos razões e emoções que são mudas para os outros.

6 Billion others

http://www.6milliardsdautres.org/