tem pernas. não sei se anda. sei que já podes encomendar. basta enviar um email para o sitio certo. franzeescritor (arroba) yahoo.com
Etiqueta: O Fraco
Primeiro livro
certinho
vieste hoje dizer-me que não. que não é possível. que não faz sentido. melhor é ficares ai sentadinho à luz do ordenado certinho. ora os inhos são simpáticos mas não te fazem, não fazes, não me fazem.
não é que os inhos dos outros me causem repulsa. nem sou contra eles. cada um tem os seus. mas eu não gosto dos meus. e por isso vim dar o que já está feito. um livro. meu. só meu. cozinhado, escrito e empratado por mim. sem tirar nem pôr. do princípio ao fim.
o único desejo agora é o mesmo que desejamos aos filhos. se ganharam pernas, que andem por si, só por si. se for ao contrário, pois tristes ficamos mas o mundo não se importa com isso. só eu. só eu me importo.
blog: https://ofraco.wordpress.com/

O Fraco
nasceu. nada de especial. mas nasceu. sorte! espero que seja útil, nem que para uma só pessoa.
partir
Portanto, posso apenas partir, sem nunca saber onde vou chegar. Crescer pelo caminho. Quem sabe o resultado? Entre o passado e futuro desta estrada, caminhada por outros, caminha-se… e depois de mim por outros ainda, viagens sem paisagens, com dor e ternura, tolerância e indignação: a vida caminha-se, decide-se, e preenchemo-nos com coragem para enfrentar o que vem, estarás preparado para quando fugirem as respostas as abraçarmos com mais coragem ainda? Cultivar o meu espírito amorfo, ser a ponte para os filhos desta geração, construir um lugar simples onde se respire tolerância e segurança. Tantas vezes lamentei o meu passado, mas agora pisava objectivos concretos: estudar e trabalhar, amar e compreender. Alargavam os meus horizontes, davam-me sentidos de vida, e que ao realizá-las, estaria a confiar em mim mesmo, estaria a começar e a terminar uma tarefa. Uma lição do Manuel, recordas-te … e decidir com o rumo do sonho. Só palavras ou o começo de alguma coisa?
O Fraco
homem-mulher-grande
A noite caía, a cidade estava muito distante, não havia como voltar neste exato instante, o sono atrapalhava-se com a emoção, os restos de um rapaz que quer ser homem. Os campos por ali estavam, as casas, as árvores, até os animais pareciam os mesmos, parados na paisagem. Nada muda? É esse o maior desejo? Que o mundo não mudasse nos bons tempos. Que fosse possível reter o que nos faz felizes. Deter o tempo. O que nos dá segurança. Ser homem-mulher-grande é exactamente aceitar o inverso. Aceitar a incerteza. O caos. A diferença. A mudança. A velocidade.
gato escaldado
Não desejava mais, o meu corpo também não. O calor que já sentia era suficiente. Nem mais nem menos, suficiente, e mesmo no limite das minhas forças, dormir ao relento, viver na rua, ser empurrado pela chuva, agora recolhido, só isso mais nada. Talvez que todos o queiram ser, um dia pelo menos, ser recolhidos, do naufrágio, desta tempestade continua de tarefas atrás de outras, com lampejos de alegria, e mesmos esses, alguns, ilusões. Não queria inventar conjunturas e muito menos intrigas desnecessárias, inconvenientes até…, perspectivas obscuras sobre as intenções de almas assim, gente que não vive de outra coisa. O sentimento de gratidão era vivo e por isso hesitava, entre abraçar de corpo inteiro aquela gente ou escorregar pela mísera desconfiança. Já me tinham açoitado. Gato escladado de água fria tem medo.
O Fraco, Franz E.
a ti
…o que se pede afinal, o que exige coragem, o que afinal é injusto para quem nasceu sem lhe pedir…
o que se pede
a ti
aos outros
à tua volta ou longe
é que faças tudo para não seres um miserável infeliz,
é que faças tudo para não tornares os outros um miserável infeliz.
O Fraco, Franz E.
imbecil
Agora corria. À pouco respirava com palavras, agora arqueado, esquivo, à pouco tropeçavam no meu caminho incerto. Sentei-me numa pequena viela depois de ter dali recebido um pouco de silêncio como um bafo fresco. Esperei que o meu corpo parasse, arquejante como explosão, qual lucidez (sabia lá eu o que isso era) Continue reading “imbecil”
Criticável
7ª Parte: O casamento.
Qualquer vida é criticável, até a tua… que me lês agora, a do outro que te ouve, a nossa que te vemos.
Franz E.
Um dia pensei que o sorriso de Maria significava algo mais para mim. De um salto cheguei a outro lugar mais inesperado do que eu. Um espasmo súbito, sem origem e só mais tarde com significado, resultou em esconder-me, num extremo de mim, fugidio, receoso, aquele onde ficamos quando não percebemos o que se passa. Uma alegria que não conseguia conter nem esconder, desde os olhos dela até ficar detido naquele sorriso.(…)
para ti
1ª Parte: Franz E.
Quem não sofre, vende o vento; a quem respira o segredo e a dedicação, entrego aqui o meu apreço e a minha história.
Franz E. nasceu em meados do Inverno de 1967, no frio do Norte, Berna, Suiça. Um ano após o seu nascimento, os pais, jovens, Karl E. e Maria Mayte, socialmente desconfiados, perante as notícias vindas da Alemanha e que falavam das crescentes manifestações, sobretudo juvenis, que apelavam para a quebra d’O Silencio sobre o holocausto e a Culpa Alemã, manifestações que pareciam esconder uma onda regional-imersa de neonazismo; e absorvidos na perspectiva aterradora, associada ao desenvolvimento industrial, escarrapachados no jornal: “num raio de cem quilómetros existe sempre uma central nuclear”; reúnem as suas economias e decidem partir; rumam a Itália, para junto do pai de Maria, funcionário da embaixada francesa, procurando algum conforto familiar. Após algum tempo, reconhecem num encontro com amigos espanhóis o significado da origem hebraica de Maria; tomando isso como uma insinuação para o futuro da família, tomam o regresso às terras do Sul como um destino saudável.
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