Há um rio submerso depressivo, nostálgico e silencioso, que escolhe todos mas não tem nome, é onde somos reis e rainhas, heróis maiores que os outros heróis, onde perguntamos quem somos e para onde vamos, nas margens do qual vivemos sozinhos e morremos sozinhos.
Etiqueta: morrer
morrer
a nossa geografia emocional encolhe e empobrece quando os que estão mais perto desaparecem da vista. Há quem diga que estamos a crescer e a vida, essa passa a ter outro sentido, que é o mesmo que dizer que, não tem sentido nenhum. A ter sentido, és tu que o defines e decides se o persegues ou não. De facto, a quem parte não se diz nada, a quem fica diz-se que tenhas força, coragem, a vida é mesmo assim, remata-se. Cheque-mate. Fazes o luto, choras se fores capaz, e pensas que te falta pouco, pode até acontecer amanhã ou agora mesmo. A viver que vivas por inteiro, mais do que fizeste até aqui, pois mas o que queríamos era mesmo viver mais. E quando for, que seja rápido, sem sofrimento, sem delongas, nem em modo vegetal. Parece que ficámos insensíveis, nada é importante e tudo se esvazia. Não te morreu um amigo? Sim, mas não lhe posso nada. E depois, levantas-te, que a vida é para se viver fora do sofá, como quem parte o faria, e quererá que o façamos.
morrer
de que serve imaginar morrer? Serve-me para me explicar o que penso sobre este pedaço de vida que sou.
Se vivo porque tenho consciência disso, terei consciência de que estarei morto? Não. Este cérebro de consciências não estará para isso. Nem interessa pensar como se irá morrer. Quereríamos que fosse rápido, sem tempo para tomar consciência, sem sofrer. Sobretudo isso. Sem sofrer. Não sabemos. Não temos meios para o efeito, para sabe-lo ao certo, nem nunca teremos. É o limite temporal à Ciência. Poderemos, quanto muito suspeitar, propor cenários possíveis, atribuir-lhe uma probabilidade. Olhe-se para o que se está a passar em todo o planeta, a cada um de nós humanos, selecciona quem morre e como. Categoriza as pessoas e encaixa-te numa dessas categorias. Observa como se morre nessa categoria, podes até atribuir uma probabilidade a cada uma das maneiras e uma poderá ser a tua. Encantado com a descoberta? Desiludido. Não é assim tão interessante perceber como se poderá morrer.
Voltemos à pergunta principal muito diferente daquelas por onde comecei: o que é o essencial? Ao que nos devemos dedicar/investir? Para já tenho apenas uma resposta: o investimento tem que ser em cada um com o objectivo de produzir algo que se possa vender fora. O que é perene é a educação, a cultura, a agricultura, a habitação, o mar, a ecologia, o turismo, em suma, a produção e não o consumo. Invista-se nisso, o resto é conversa.