a liberdade, a tolerância e a humanidade são tão frágeis que doi quando ouvimos noticias, cada vez mais noticias, que vão contra essa liberdade, essa tolerância e põem a humanidade em causa, quando tratamos mal a casa onde vivemos. Se vamos assim qual é o nosso direito em viver aqui?
Etiqueta: liberdade
chez nous
Começa simples e complica-se até que temos pena que termine. A parte política poderia desenvolver-se muito mais, mas isso daria um filme de 3 horas…
tirar água do mar com uma colher
Não a conhecia, como não conheço tanta gente de coração bom. Ouvi a notícia do funeral. Ficam as palavras. Prémio Shakarov 2009, Fundadora do grupo “Helsinquia de Moscovo”, de pouco se faz muito.
https://en.wikipedia.org/wiki/Lyudmila_Alexeyeva
Os funcionários
Estava a pensar numa história assim. Feita de tantos feitos, feitos já feitos, já passados. Baseada na história de Eichman, a partir do julgamento descrito por Hanna Arendt, em Israel, a dizer que somos cataventos, dançando conforme os tempos políticos, com pouca autonomia, discernimento, clarividência, pouco corajosos, somos todos assim, constrangidos por milhentas desconfianças em nós mesmos, à espera do grupo suficientemente grande onde cabemos e onde nos sentimos seguros. Somos mesmo assim. Outros não, arrastam-se convencidos, confiantes de que é esse o caminho, seja Eichman como um Resistente Francês, seja pelo ideal de superioridade pré-definida, seja pela liberdade, confiam que é esse o caminho, seja miserável ou pela alegre. seja pela intolerância ou pela tolerância, seja por uma certa ordem ou pela diversidade. Acabamos todos por ser funcionários de um ideal, mesmo que não concordes com esse ideal, acabas, por em geral aceitar isso, porque convém naquele momento. Eu acima de tudo, desde que eu sobreviva.
livres
“Quando perdemos o direito de ser diferentes perdemos o privilégio de ser livres” – Charles Evans Hughes, 1862-1948
agora sim
aqui foram 150, mas não se chamavam “Charlie”. Não se juntaram milhões com panfletos ao alto. Agora sim. Mesmo depois do prémio nobel de Malala, que também não acordou ninguém na Europa, agora sim, o Charlie em França, agora sim, parece que sabemos quem são estes Jihadistas ou Alcaeda ou outro nome qualquer.
São facistas no extremos da estupidez que é possível ao ser humano. Parece que o filme é o mesmo aquando dos nazis. Marinaram durante vinte anos e só depois é que o mundo acordou. Com esta gente já sabemos o resultado, por isso é melhor levantar o cuzinho do sopá e sujar os pés. Se for só isso é sorte, provavelmente vais ter que dar o corpo ao manifesto, lutar para defender a tua casa.
ouvem-nos ai?
Ouvem? São capazes de ler? Está na foto. Não temos medo. Seus Jihadistas de merda, fundamentalistas que já sabemos ao que vêem. Já vos vimos de outras cores aqui por estas terras europeias. Eliminacionistas tolos. Há outros. Há liberdade, cabrões. Há liberdade, e dai não passam, nem que seja eu a levantar-me e seja este cadáver a parar-vos, filhos da puta.
liberdade
sem liberdade é impossível a criação, seja científica, literária, artistica, ou em tantas áreas como a educação, a cultura ou a engenharia. é verdade que também é preciso estar emocionalmente feliz, confiante e orgulhoso. A primeira são as pessoas que a fazem, a segunda és tu que procuras. Depois acontece. Refiro-me à criação, acontece.
lugar
Cheguei a um lugar. Sei. Mas, não sem esforço e mágoa. É mesmo assim. Fui atrás da liberdade sem nunca ter estado preso, a não ser preso na adolescência, preso sem ser prisioneiro, preso sendo eu próprio o carcereiro. Sei. Hoje. Sei. Liberdade é uma palavra, sorrateira e forte, tão forte que leva pessoas a morrerem por ela ou a viverem por ela, ou com ela. Sem o saber, porque não pode, o comboio seguia os trilhos, a mim chegavam relâmpagos de memórias, das paisagens ou das pessoas, do que disseram e do que fizeram, elas teriam outras memórias e estas carruagens, as mesmas ou não, por ali tinham passado vezes sem conta, à mesma hora, agitando a paisagem insensível a esse vaivém sobre ferro em linhas afagadas à pedra. Lugares assim acessíveis, tão acessíveis, todos os dias, bastava que apanhasse um. Chego a invejar máquinas, estas em particular. Reviam todos os lugares que eu queria, lugares ocupados uma única vez em toda uma vida: nunca mais regressaremos ali, no mesmo tempo, nem exactamente ao mesmo lugar. A doce e amarga felicidade das viagens. Ao certo, mesmo ao certo, é que esses perfumes de saudade com sabor a terra são da longa separação.
eu deste lado e tu desse
não sei se a manifestação nos vai servir. acho que não vai. no dia seguinte parece mais um negócio. por hábito, és tu que perdes. pagaste a viagem, o almoço e deste o teu tempo. quem faz o sindicato tem agenda diferente da tua. fez sucesso. marcou pontos dentro do sindicato. quem alugou o autocarro também lhe agradou. os que foram, abanaram bandeiras e bramiram o que lhes vai por dentro. sofrem de facto. o sofrimento e o desespero. podes aproximar o ouvido. quem foi não está desesperado. os desesperados estão escondidos. não têm direitos. são escravos. nem são representados por ninguém. não contam. tenho a certeza que não. eles sabem disso. bem sei que podes dizer, e senão houvessem sindicatos, que força teríamos? nenhuma. não te iludas. não sou contra sindicatos. sou antes, a favor de organizações que defendam o povo. do outro lado. tenho-me a mim e tu a ti. eu lutarei por mim. tu por ti. a próxima vez que me manifestar será para defender a liberdade.