Farol

Dentre todo este mundo toldado, sempre toldado. já toldado, anteriormente toldado, à frente a toldar, continuando toldado, há quem nos sirva de referência no bréu da ignorância. Vêm em livros, surgem em fotos, aparecem no teatro, na música e nos quadros, na cultura e na arte, dentro das universidades e por todo o lado onde se escreve com argumento, seriedade e ética, com tolerância, sem menosprezar o outro e sem desejo de fama falsa e passageira. Há quem venha por bem, há quem venha só por si.

John Berger

morreu. não li. não vi. nem assisti a nada da sua criação. se foi dedicado à arte e à cultura, com uma opinião sobre as coisas, valerá a pena ler. mas não se pode ler tudo nem estar em todo o lado. alguém o viu, o leu e o estudou, às palavras, às imagens e às artes. e se fala claro, é porque pensou muito. refletiu. e disso há pouco, muito pouco. tempo para estar sem nada que fazer a não ser pensar. por isso confio no julgamento de quem o conheceu. será pois importante. pode até nos ter influenciado sem o sabermos. morremos todos. uns ganham umas linhas nos jornais. outros no coração de alguém. outros só desprezo. e outros é com se não estivessem estado. despreza-se aqueles que causaram sofrimento deliberado. filhos da puta.

Anúncio da morte: https://www.publico.pt/2017/01/02/culturaipsilon/noticia/morreu-john-berger-um-artista-total-1756862

Entrevista: https://www.theguardian.com/books/2016/oct/30/john-berger-at-90-interview-storyteller

 

liberdade

sem liberdade é impossível a criação, seja científica, literária, artistica, ou em tantas áreas como a educação, a cultura ou a engenharia. é verdade que também é preciso estar emocionalmente feliz, confiante e orgulhoso. A primeira são as pessoas que a fazem, a segunda és tu que procuras. Depois acontece. Refiro-me à criação, acontece.

O que é arte?

Visitam-se exposições atrás de exposições de arte, em qualquer parte deste planeta, e alguma das coisas que se apresentam, levantam muitas dúvidas: será aquilo arte?

Para o comum dos mortais, digamos assim, ou melhor, para quem não tem mais do que dois olhos para observar, a pergunta não faz sentido, a não ser que se faça o esforço para responder.

O que para mim é arte, seja na literatura, na dança, como na escultura, na pintura, no desenho ou nas instalações, é uma representação daquilo que, um humano, faz do ambiente que vive. Recordo-me de Guernika. A guerra faz-se de inúmeras imagens e filmes, mas não nos mostram o desalento, desalinho, sofrimento espinhoso de quem corre entre esconderijos ao som dos uivos de morte, pisando não se cabe o quê, segurando a vida não se sabe exactamente onde. A arte é essa capacidade de representar o que se sente sobre o que um humano vê e vive.

O que espero de uma apresentação artística? Continue reading “O que é arte?”