“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontade
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontade
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
A tecnologia que usamos hoje nos telemóveis, computadores, há semelhança de qualquer outra tecnologia, tal como o fogo, é um pau de dois bicos: “estas tecnologias podem ser bastante destrutivas, se não as controlarmos”, Ray Kurzweil
https://www.theatlantic.com/technology/archive/2017/06/where-not-to-use-your-phone/532053/
In a fast-paced digital age, an MIT psychologist tries to slow us down.
https://www.theatlantic.com/magazine/archive/2014/01/the-eavesdropper/355727/
http://edition.cnn.com/2010/TECH/web/12/13/end.of.privacy.intro/index.html
http://edition.cnn.com/2011/US/03/08/vbs.singularity.kurzweil/index.html
façam o favor de fazer algo de jeito em 2022,
em que o outro existe, que o colectivo comum faz parte, onde seja possível distribuir, partilhar e colaborar.
Esse móvel onde deixas esta malga, foi comprado um dia. Foi escolhido. Terão ficado felizes os teus familiares. Terão trabalhado muito para isso, isso que valorizavam. Não saberiam se, ou quem ou quando, irias tu deixar essa malga em cima hoje, agora. Este tempo que nos engole como um Tsunami. Hoje tu, amanhã outros, outrora os teus com quem conviveste. Esse acto tão simples, o de pousar essa malga, já foi. Só tu sabes. Só tu podes dizer. Embora não interesse nada como tantos outras coisas que fazemos. Contudo fazem parte de um continuo inexorável. Sem eles, não seguiriam os momentos mais importantes, aqueles que identificamos como significativos, numa corrente extensa. Essa torrente inclui o ser humano: até quando?
O que vais tu dizer aos outros que eles não saibam já. Que são gananciosos! Porcos! Egoístas! Narcisistas! Cegos! Eles dirão o mesmo de ti e mais: os outros não existem: aqui sou só eu que me convenço da minha permanente razão.
Foi Presidente da República de 1996 a 2006. Antes esteve quase seis anos à frente da Câmara de Lisboa e três como líder do PS, tendo perdido as legislativas de 2001 para Cavaco Silva. Licenciado em Direito, nasceu em Lisboa a 18 de setembro de 1939.
Fonte: Morreu Jorge Sampaio, o Presidente que chorava de emoção
Para quem pode seguir estas linhas que o faça. Há quem não possa. Não saiba. Nem sequer faça parte do imaginário. Por pobreza, também vai quem não pode. Por estar de mão atadas a afazeres impossíveis de delegar noutros, igualmente. Quem puder, faça favor. Eu não posso. Há estacas amarradas ao meu corpo, algumas cravadas, outras soltas, todas fazem com que os pés não toquem no chão, quanto mais me façam caminhar, sequer imaginar caminhar a não ser ao passado, esse esconso lugar quente, onde te enroscas seguro, ouves vozes mudas, de outros tempos, vozes que te fazem respirar. Quem puder, por favor, faça-o.
Beijinho Tó, até amanhã
o pai (já morto): para que estás a passar a ferro esse fato?
filho: não era o que esta farda representa, o que mais te orgulhava? Quero deixar contigo. Até já combinei com o senhor, ele não te pode vestir, deixa-te na urna.
pai: isso já lá vai pá, há tempo… isto da morte são três dias, não te preocupes mais;
Filho: vais ter uma cerimónia católica, tem que ser breve. O cemitério abre e fecha só para ti… olha só o nível.
Pai: o jardim do padre está sempre aberto para quem tem que se deitar lá dentro. Até parece que fui importante;
Filho: pena não teres podido votar;
Pai: eu nem sei quem eles são, não vale a pena votar, mas tu vota; eu andei nessa luta, à chucha calada, sem dar nas vistas;
silêncio
Pai: trata da menina, ela precisa de ti agora;
Filho: farei.
silêncio
Filho: a tua aldeia está parada, chove aquela chuva miudinha que humedece tudo. É para estar em casa. Liguei o lume, mas a chaminé parece rota. Entra água. O dia nasceu e ficou assim, triste como bréu cinzento. Sem querer sair para lado nenhum. E no dia do funeral, chovia que deus a dava.
Pai: é um dia triste, mas há-os aos montes; não apanhes frio, nem chuva, amanhã chamas o pedreiro e tratas disso;
Filho: o que faço ao pinhal?
Pai: tu sabes e eu agora estou mais aflito com outras coisas – fez aquele olhar de malandro.
filho: nunca mais lhe direi “dorme bem papá, beijo até amanhã”; morremos sozinhos, sem os nossos, com os outros de outros.
Pai: até amanhã Tó, muitos beijos e um grande abraço, dá um beijo à Cristina,
Filho: até amanhã,
Pai: até amanhã Tó.
filho: foi dizer isto, sozinho, junto ao Mar, sem que ninguém o soubesse, sem que quisesse que o soubessem. Não estava ninguém. Ainda bem. Cada um tenta fugir a esta dor como pode. Não é que seja uma dor imensa. Há aquela mistura entre o alivio de não ver o outro (pai) sofrer e a tristeza de não ter a sua presença. Não é como tenha sido um pai grande. Esteve sempre presente mas sem falar. Sem convidar. Sem parecer gostar de estar connosco, os filhos. Só depois de velho, já com o filho adulto e pai, é que houve uma aproximação. Não ia deixar o pai sozinho, porque ninguém o queria. Uma maneira de ultrapassar este retrocesso que é a vida. Desatar um nó que não se desata, passa-nos lado, só isso. A vida difícil que teve, no inicio, ou no meio e mesmo no fim. Quem quererá voltar a viver!?
Uma boa parte da familia não foi ao funeral. Coisas de hoje. Virus. À parte isso, mesmo que isso fosse assim, durante a tua vida não quiseram saber, agora estão presentes. Bem lhes disse que não viessem. é um risco, pessoas já com idade.
Dou-me conta de que te vou telefonar, de que o tenho de fazer. Mas não. Ficamos ali na indecisão e adormecemos num vazio.
Os dias passam, a dor fica mais leve, mas continua. Continuará, presumo.