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Categoria: morte
mãe
Não te vi morrer,
veio um homem fardado
sussurar o que eu não queria ouvir
não te vi morrer, não estava
nem para te proteger
nem para te segurar a cabeça
nem para te apertar
Continue reading “mãe”caducidade
Não sei o que se entende aqui por caducidade, mas se for o que entendo, análogo ao armário com cheiro a mofo, apetece-me dizer que é muito provável que nos aconteça o mesmo. Aos outros aconteceu assim. Envelhecer significa que a tua geografia emocional vai desaparecendo. Alguém dizia que: “com esta idade, os amigos mais próximos já não estão, e os mais novos têm outra vida que não entendo… sempre com as tecnologias pelo meio.” E não sei se é possível controlar isso, mantermo-nos ativos: há quem tenha essas ganas, bem sei, resta saber se nascemos com isso ou não: resta saber se nascemos com a capacidade de não nos aninharmos na falta de sentido, natural, da vida. O que quer dizer que, para viver , é preciso muita coragem. Muita.
Mário Soares
Humanista, homem de liberdade e cultura.
Shimon Peres, Set 2016
sim, sim, criticas não lhe faltam, é mesmo assim, o que quer que faças, alguém criticará, mas este homem, pelo menos tentou a paz entre irmãos vizinhos com uma inimizade visceral que navega de gerações em gerações. O lugar dele não se ocupa. É isso que preocupa. Sei que haverá outro parecido, só espero que aconteça o milagre, Palestinos e Israelitas capazes de partilhar.
morte
Parei e perguntei a direção. Eram dois jovens, setenta anos mais coisa menos coisa. Amigos de infância, à sombra, resguardados do Sol que já ia alto. Conversámos um bom bocado. Disto e daquilo e do comboio que já não passa faz muito tempo. Um dizia que muito bem , era barulho a mais, e para que parava homem se ninguém seguia, o outro, viu como isto fica triste, sem movimento, ninguém, vai tudo embora, até o comboio vai para mais de 30 anos, se não for quarenta diz o outro, isso já não apita desde 1975 rapaz. Tá a ver. Há muito tempo. O sacana do tempo passa depressa e não volta atrás. No intervalo da conversa, olhei para o beiral, bem alto, o resto de telhado envelhecido e suplicante que lhes fazia sombra e fiquei preocupado. As telhas faziam equilíbrio. Ouvi-os mais um pouco e logo que pude desviei o tema: “Não têm medo que o telhado vos caia em cima?” – perguntei. “Você faz essa pergunta porque ainda é novo, ainda tem medo de morrer, nós já não… com a idade perdemos o medo.” Não consegui responder a tanta certeza, nem regatear, a conversa, a franqueza, a gentileza e o sorriso não se podem pagar.
amigo
quem o diz “amigo”, depois da mensagem no fim de tudo ou no princípio
olá amigo. adeus amigo. sou amigo
pois. os amigos ficam no fim. e são poucos.
ficam com o desespero a desesperança o desalento ou a desilusão
a outra parte dos amigos
é a solidão da idade
vem o tempo extenso e ficas só
não falas aquelas falas de coração na mão
tão transparente que até te surpreende
mesmo a ti próprio
os amigos também medem a idade, são poucos e continuam sendo cada vez menos.