Sendo eu mais ateu do que católico, menos religiosos do que religioso, e respeitando as opções religiosas (pode-se discutir a religião por si, mas não a opção que uma pessoa faz por esta ou aquela religião) fico sempre de “pé atrás” com a metáfora da religião católica: é demasiado idílica para mim. Não tem nada de errado: amor, conhecimento, inteligência são referências. Contudo, a verdade deixa-me incerto: o que é verdade para mim não é para outro, e se eu não aceito a do outro, não é possível estar aqui sem a miséria da guerra.
Não há uma verdade, nem “a verdade”, há verdades. Posso explicar os átomos ou os planetas e saber que esses conceitos são úteis para o conhecimento e para o dia-a-dia e isso continuar a ser uma metáfora tal como outras, ou ser “errado” ou “não-verdade” para outros, simplesmente porque a visão de mundo ou a sua estratégia de vida não necessitam disso.
Lembro-me de ver recentemente um documentário sobre um povo que vive na floresta amazónica e toda a sua “verdade” fazia sentido, embora, para nós fosse a idade média. Mas, certo, é que o modo como viviam lhes garantia a sobrevivência numa simbiose perfeita com o seu meio ambiente, enquanto que o nosso modo de vida, em breve, esgotará os recursos deste planeta, caso nada seja feito em contrário.
A minha verdade, é que existem “outros” que de outro modo pensam, e que se eu os ouvir, tenho a certeza que também serei compreendido. E também sei, que se toda a minha ciência e técnica esbarrar contra a sustentabilidade deste planeta, a coisa não terá futuro.
E também reconheço, que a guerra, tendo sido solução, é solução e será solução para quem manda, deixa uma nódoa que não se cura, aprende-se a viver com isso: como se da morte de um filho se tratasse.
E também sei, se não fizer o que acho que devo fazer agora, não será na morte que o farei. Se temos tempo agora, importa saber onde se encaixam as minhas verdades, a minha religião e cultura: muitas mais existem, com iguais virtudes e desvirtudes, com história e muitas verdades e ensinamentos.
Outra verdade, é que o que é perene é-nos útil: falo da educação, da cultura, do conhecimento, de produzir algo de útil, das relações, do reconhecimento do outro.
Verdade é o facto de termos que ir resolvendo os conflitos e os desafios que o tempo nos vai colocando, os primeiros, negociando, os segundos, aceitando-os com determinação. E isso é o futuro, o nosso futuro: viver com verdades e melhorar a nossa verdade.
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