Como a pessoa viciada em heroína, em qualquer outra ina, sabendo que vai sofrer e morrer disso, continua.

Isso porque não há nada que lhe diminua o sofrimento se não a tal ina. É um sistema sem retorno e realimentado.

Bem sabemos que o nosso estilo de vida nos irá excluir deste planeta. Está eminente. Quero mais isto e aquilo, e depressa, e tudo isso e aquilo significa energia, gastá-la a torto e a direita… o que farias, se te sobreasse apenas a água num balde, para atravessar um deserto imenso? O que farás se te sobra apenas essa energia que vai nesse balde? Abanamos as cabeças, concordamos, a moral fica bem, era assim que devia ser e… largas a corda… fugimos a sete pés direitos às lojas.

Não nada que nos diminua o sofrimento de nos levantarmos todos os dias e ter duas opções, sem emprego ou com emprego, de tantas horas que a vida se faz, no emprego o fora dele. E não era isso que diziam que acontecia aquando da revolução industrial. Vamos ter mais tempo para o intelecto, para o tempo livre, para a família. Pois, não, não foi assim. E nem os robots o vão fazer. É um sistema sem retorno e realimentado.

O ser humano não é assim. Busca e rebusca informação, coisas novas, umas atrás de outras, e acaba insatisfeito, sempre insatisfeito. Não tem a necessidade de fazer algo, que lhe ocupa o seu tempo, nem estar com alguém que lhe não mostra algo de novo. Este humano que somos, não está para a família nem para a arte, porque ambas exigem estar por inteiro, dedicados.

Somos viciados nas coisas [aparentemente] novas que surgem no telemóvel, esperando que a próxima lhes salve a vida, os tire da apatia, lhes dê motivação, os faça empolgar: somos uma sociedade dos espetáculos, uns atrás dos outros, e não podem durar mais do que alguns segundos. Mostramos o uqe descobrimos e voltamos ao sofrimento: típico do vício: no momento estamos empolgados, no segundo seguinte, aborrecidos.

Escrito depois de: https://www.culturgest.pt/en/whats-on/triste-english-spanish-schools/?