A vida não tem sentido per si, tens que lhe dar um. ponto final
Viver é talvez procurar esse sentido, seja ele qual for, seja para roubar, matar, ajudar ou mesmo morrer pelos outros como um messias, seja por que causa for, contra ti ou a teu favor.
Nem sempre pela tolerância, generosidade, pelos outros, pelo futuro comum. Estes cães humanos são mais pelo quintal e ser melhor do que os outros.
Talvez que viver, para outros, é mais sobreviver amanhã.
Para que te alimentas se à tua volta não resta uma parede inteira, um copo inteiro?
Porque levas essa colher à boca, se não tens uma voz terna para quem te vê, mudo como um poço?
O único sentido que lhe podes arranjar é pela pessoa que tens ao lado e se achares que os que ai vêm têm direito a viver isto, então também terás de cuidar da Terra em que pões agora os pés. Viver para que a família viva.
Até agora não foi preciso, lá se foi aguentando com os teus exageros, mas agora é. Há uns quantos que não lhe perderam o fôlego, dizemos que são indigenas, são os que sabem o que é essa harmonia com a casa Terra: a injustiça é que eles não sobreviverão apesar dessa sabedoria. Ou podes mesmo dizer que “quero lá saber, vamos vivendo com o que há”, “quem vier que feche a porta”.
A vida não tem sentido, nunca tem sentido, não tem de facto sentido, per si. Mas já que aqui estamos… Vejam lá, somos um ponto azul perdido numa dimensão para lá do que conseguimos contar, percorrer, imaginar, aos olhos humanos, de quem a natureza, o universo, o que quer que seja, não se interessa, porque não é a sua natureza, não o sabe fazer. Não há nenhuma razão para estramos aqui.
Quando a vida tem sentido lá nos motivamos, sofremos, almejamos, ultrapassa-mo-nos de tal modo que quando estamos no teu funeral… tanta preocupação para agora desceres a esse buraco onde vais passar frio e está escuro como bréu. É verdade. Olha para os outros que já passara por aqui. A tua vida não vai ser diferente. Ninguém descobre a verdade, porque não há uma verdade, há inúmeras. Acontece a uns quantos serem famosos. A menor parte tem sucesso. Uma pequena parte vive. A maior parte repete. Outra igual sobrevive. Tem uma malga de arroz por dia e uma caixa de restos para dormir. Há quem viva com pele de galinha e possa dizer que viveu. Há os que estão na arte. Sorte a deles. Podem viver numa bolha.
Quando a vida fica escura como bréu, tens duas hipóteses: ou cometes suicidio, eutanásia, ou o que lhe quiseres chamar… esta é mais fácil, googlas e encontras dezenas de medicamentos sobre o assunto… ou lhe dás um sentido. Parece simples mas é mais dificil, muito mais dificil. Mas isto é para os sortudos.
Há quem tenha nascido com uma áura positiva, de autoconfiança e preseverança e lhe seja mais fácil, há outras que vivem quase numa depressão constante e os outros, maior parte, que andam aos altos e baixos como numa montanha russa, entre o com sentido e o sem sentido, um sonoro comboio repetindo “com sentido, sem sentido, com sentido, sem sentido”.
De cada vez que escrevemos pensamos que vamos ajudar outro ser humano. É isso que se fez, faz, aqui.