As palavras fogem e queimam, e tarde se descobre a vontade de escrever mais uma palavra, mesmo que encaixe retorcida esbaforida quase próximo da loucura, no minuto antes de terminar o parágrafo. A cada uma vais tu perguntando que merda faço eu se escrevo tão mal e tudo sai tão a ferros e há quem o faça tão deliciosamente…
Que interessa isso, se a escrita, o ler, o ouvir a leitura, te salva da loucura todos os dias, que interessa isso!? Bem sei que interessa se a tua intenção é ser um escritor, pertencer a uma das mais altas castas que se erguem ao mais alto nível do nível mais elevado do ser mais alto que existe acima das mais altas alturas da sociedade… Bah! Não interessa nada rapaz. Nada.
As escalas, métricas e réguas são de outro lugar, da Ciência, por exemplo, e lá ficam muito bem. Tu que escorregas vida adentro todos os dias, do mesmo modo que todos esses altíssimos escritores, vão todos vida adentro com as mesmas relíquias. A diferença está na fama. A tua é zero e continuará. Mas não estás louco, como os famosos também não estarão. Só não escreverás deliciosamente nem terás fama. Só isso. Bom, há mais do que deliciosamente, há uma escrita que te deixa depois, e não és o mesmo, não. A minha nunca fará isso, mas a desses que escrevem, que dão a sua vida por essas páginas de magia e ao mesmo tempo eternas, obrigado. Sem isso era a loucura.
Loucura….. Loucura ?
Mas o que somos ? Somos loucos ou sãos ? Quem saberá….
Bernard Shaw, dramaturgo inglês, uma vez escreveu (segundo conta a lenda):
“O homem sensato adapta-se ao mundo. O homem insensato insiste em tentar adaptar o mundo a si. Sendo assim, qualquer progresso depende do homem insensato.”
Eu me vejo como um “insensato” – mas como é cruel ser “insensato”; quantos de nós já não foram apedrejados ao longo da história…..
Há um ditado que diz que “quem tem um olho em terra de cego é rei”.
Sei não…hoje penso que quem “tem um olho” em terra de cego é sim como aquele pobre coitado da “Caverna de Platão”; que curioso, aventurou-se mundo afora e, querendo compartilhar do conhecimento adquirido, acabou morto por seus próprios companheiros.
Ah, sim, mas falávamos da escrita: bendita nos seja essa oportunidade !
Amém !
Não fora a arte e a cultura, se houvesse apenas números e sempre mais e melhor do que o outro, seria a loucura nua e crua. Por isso, escrever é procurar o equilíbrio.
GOSTEI!