essaoutra mão


Houve uma mão que segurou essaoutra mão, mais pequena, que segurava essaoutra mão maior. Se passeavam ou não, se iam ou vinham de casa, certo é que caminhavam juntos, à velocidade um do outro, com a alegria de quem fala de si para si. Se foi breve ou não, não se sabe, sabemos sim que naquele instante, uns minutos para trás outros para a frente, era de alegria que levavam, de estar juntos, de falar juntos, do que fizeram ou do que fariam. Não sabiam era que muito tempo depois estariam separados, mesmo que se falassem, mesmo que se escutassem, veio uma nódoa que não era de outrem, mas da responsabilidade de um e outro, e que os separou. Falou-se disso. Mas eles não. Entre eles só conversa fiada. Disse outro, com mais tempo na pele, que isso vai mesmo assim, igual a tantas outras mãos, aqui e noutros lugares, com estas e outras pessoas. Segue-se de felicidade em felicidade, passando pela infelicidade de não se segurar essa mão nunca mais, e não é porque esteja longe é só porque o amor desapareceu como areia entre os dedos. E que irás fazer? Deixa-me chorar, mesmo que nenhuma lágrima caia.

Franz E., dezembro 2016

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