A propósito destes dias. façamos contas. Somos só células, reprodução delas? o que vivemos não vale nada? não tem nada de transcendente?
ou cada um tem uma responsabilidade? dar a tudo a partir de nada?
Porque gostamos de música? O que há de humano nisso tudo? De fraterno? De compaixão?
“Foi como uma revelação de morte. Descobri no mundo nem tudo é confiança e inocência”. Júlio Cortazar
não foi há muito. há diferenças de abismo. mesmo de vazio. entre eu e tu. pensava que bom seria encontrar-me contigo e falarmos do que és. de como fazes a vida. e como se faz na tua cultura. comeríamos da minha e da tua.
e já em Steinbeck. “A Pérola”, soubemos que era possível naufragar o teu barco, que é o mesmo que naufragar-te a ti. só por um pedaço de vidro. sim, é possível, estava escrito mas não acreditaste. sabias. mas saber não é o mesmo que ter consciência de. e agora tens isso por dentro. assusta sim. muito. ao princípio. mas pelo meio fica mais assim. vais mais humano ainda. essa gota que já querias deixar, vais ser do mesmo tamanho, mas mais humana. quer dizer. ter mais música. mais abraços. mais liberdade. mais tolerância. mais mesa.
eu não queria encontrar-te para que me cortasses o pescoço. melhor seria se te encontrasse em casa. à tua mesa. com a tua família debaixo do teu teto e pudesses dizer o que comes, de que vives, que histórias contas, e como é o teu país. era muito melhor.
sei que para ti não é melhor. que me odeias com se merda fosse. ou pior que isso. sei que não fizemos das boas não. avançamos sobre as tuas terras como se não existisse ninguém por ali. ignorámos. sei isso. e assim também sei que te posso acolher debaixo do meu teto, dar-te da minha comida e contar-te as minhas histórias. falar-te de como vivo. e de como somos. mostrar-te as vistas daqui.
para mim será um prazer e uma honra conhecer as tuas. porque sei que também sofres e que a fome te incomoda. o sofrimento dos teus te assusta. e que as armas berram o teu ódio.
daqui mando humano. a música de que é feito Portugal. dizemos que não queremos mal e somos quase todos assim. sabemos sentar à mesa e dar ouvidos a quem chega. não importa de onde venha. importa que traga ouvidos. importa que tragas o que és.
Julio que me perdoe, claro que é mais sábio do que eu. Mas pra mim, tudo é confiança e inocência
a tua mensagem trás um link associado. Foste tu que o puseste? Julio!? Se esta mensagem foi para mim, ter confiança e inocência é o mais fácil e humano de fazer. Contudo não é assim sempre. Quando falas com as pessoas no seu dia a dia, sim. Quando procuras negócios não.
eu não tenho que perdoar nada. porque não há nada a perdoar. nem sou sábio. isso menos. muito menos. fico feliz porque o mariel faz comentários aqui. pertinentes. o que ajuda o interesse. abr
obrigado
Realmente nem todas as pessoas nos inspiram confiança e nem todas são inocentes.