vem ai uma manhã de domingo e não está nada feito. nem por fazer. a vida esvaziou-se depois deles. expulsaram-me como cães. eu cão de rua com os ossos à vista. o que me faz levantar são as tremuras do álcool que não serve para nada e as da coisa que alivia por pouco tempo. a manhã do dia seguinte já lá estamos outra vez. com tudo o que o corpo é, focado nesse pó de merda, sarcasticamente, branco. como se branco fosse pureza de espírito. é pureza de obsessão. é puro de facto, mas não é de coração, gentileza ou generosidade. é daquilo que a vida é feita, do mais puro engano. ainda não sabes e quando vês vem aquele suspiro embalado. enganado pá, muito bem enganado. vem a gravata e a publicidade, o brilhante, e até tu és o maior e o mais importante. deixas o ouro e não existes mais. próximo!
Franz E., O Ladrão