crise?


Estamos em crise, sempre! Não vale a pena esconder. Antes e depois da idade média, durante o período moderno, sempre! O que difere é a proximidade da crise, essa sensação mais ou menos forte, consoante a ligação que temos às notícias, ao que os outros dizem e pensam, à maré de opiniões que vai falando. Na maior parte dos casos, é sempre menos do que sentimos. Há as excepções, quando a crise sai das conversas e chega ao bolso e logo a seguir à mesa. Haja farinha e água, legumes e arroz que alguma coisa se arranja. E se não houver. São aqueles, os responsáveis, os que nos trouxeram aqui. E se alguém fizer alguma coisa por isso. Encontraste o herói seja digno ou não, amante ou não da liberdade e da tolerância. São esses que passam, os que ficam são os outros, os da tolerância e da liberdade. è quando mais se cria, é quando mais se vive, se sorri.

A outra crise é que mais me preocupa, a da liberdade, a da Xenofobia, dos racismos, do anti-semitismo. Preocupa porque latnete, porque se fala à chucha-calada, Difusa, lenta e inexorável, vive entre ditos e palavras escritas, latente, escondida, falo da crise-da-liberdade, nunca sendo explicita até ao momento em que todos aceitamos, mesmo que não concordemos, que é liberdade a mais. A erupção é rápida, das entrelinhas saltam facistas na rua, não fales, acanha-te e dança coforme a música. Crendo ou não, passas a facista em minutos. Roubas a liberdade aos outros em segundos, concordas com tudo menos tirar olhos. E os outros que se aninham ao lado, prostados e humilhados, vêm na tua cara um sorriso ao mesmo tempo de lamento e de regozijo. Estás do lado bom da coisa. Mas podias estar, ou poderás vir a estar do lado mau, que passa então a ser bom para os outros.

Para salvar a pele faz-se de quase tudo, até nos surpreendemos a nós próprios. Rouba-se legalmente aos outros, que bem poderia sermos nós e siga. Agora temos o que roubamos ao outro, somos mais ricos. O outro pode ser o povo, o teu vizinho ou o teu irmão. Mas que interessa, se é a minha pele que se salva? Pode até morrer no mar Mediterrâneo. Que importa, é lá longe e eu aqui tenho os pés secos? Enviámos uma fragata, deve ser suficiente.

Para o futuro o que fica é a liberdade ou a falta que faz. O que fica é a tolerância. Os outros acabam por seres tu agora. Quando roubas aos outros roubas a ti próprio. Esse eu, palavra que dizes quando falas, é o mesmo eu que outros dizem quando falam deles. Tu és o outro. A ganância vem comer-te cedo ou tarde, mais cedo do que tarde, mas vem.

Se aprendermos a tolerar e a negociar, a distribuir o poder e o valor que somos, a sermos mais generosos, a partilhar, a guardar a terra que pisamos, temos valor e teremos valor. Somos gente. Somos humanos. Ao contrário, não passamos de cães de fila à espera que te soltem a trela do poder, do autoritarismo e do racismo. Bem fundo, somos isso, mas ainda mais fundo somos capazes de racionalidade, de pensar no outro, na tolerância e na generosidade, para além de compaixão e da liberdade.

Neste ambiente ultra-quero-coisas-a-uma-velocidade-estonteante, hoje isto, amanhã aquilo, em que sobrevivemos, afogados em créditos, podem morrer-nos gente à porta que o teu cérebro e corpo só vive para si e para pagar a miséria dos créditos bancários. Esteja eu bem, que mais nada importa. Viaje eu de carro almofadado e ambientado, que outra coisa não importa. Compre isto e aquilo, compre. Mas não penses. Não uses o teu cérebro. Se carregares isso contigo logo os outros te acharão o máximo. A fama e o sucesso trazem disso. Não importa que o que uses tenha morto animais em África, ou que essa mesma coisa tenha escravizado outros, ou mesmo provocado guerras noutro lugar. Que interessa, eu aqui estou bem no meio dos outros que também acham bem? Virá o tempo em que esses outros farão o mesmo a ti e agora estarás do lado mau.

Pensamentos depois desta leitura: http://fares-sassine.blogspot.fr/2014/08/entretien-inedit-avec-michel-foucault.html

E desta: Walden ou A Vida nos Bosques,Henry David Thoreau. wikipédia

(ACNUR) Guterres: http://www.publico.pt/mundo/noticia/o-ano-de-antonio-guterres-todos-perdemos-1680618

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