Um dia pensei que o sorriso de Maria significava mais, tinha mais para mim do que supunha. Num salto cheguei a outro lugar mais inesperado. Um espasmo, súbito, sem origem, sem significado, fugidio e receoso, esse lugar que tu sabes quando não percebemos nada do que se passa. Mas feliz. É. Muito feliz. Aliás, uma alegria que não se pode esconder, o corpo é todo alegria, ela é toda perfeição, desde os olhos até ficar preso no sorriso. Ficas estúpido. Cãozinho sentado com as patas no ar e língua de fora. Estás detido para interrogatório. E pior, foi sem saber, e muito devagar, ao longo de anos e anos, quando acordas tens um lugar com “nós” por dentro. Não é teu nem dela. É “nós”. Não sabia bem o que era, mas era. Entre adocicado, prazenteiro, malandro e zombeteiro, até apetecido e saudoso: um lugar onde queremos voltar. E habitado, por ti e por ela. Só os dois. Como era bom, apareciam outros para ver a felicidade e gozar um bocadinho com a ingenuidade do casal que ainda não sabia ao certo que era. Mas já era. E quando não sabes onde estás vais atrás e queres lembrar quando a conheceste: vestia uma saia longa que quase lhe cobria os pés. – “O meu nome é Maria.” – A voz era mesmo doce. Nem o coração sabe o seu lugar. Anda ali para um lado e para o outro. Pode até ficar abaixo do fígado. Quem sabe. Adiante. As sandálias escondiam-se deixando-lhe recortar-se a pele de cor pérola com as tiras brancas. A camisola de renda ajustada ao corpo e aos seios fazia imaginar as curvas. Eu quereria tocar-lhe assim. Ao de leve e sem pressa. Os braços finos desapareciam quando lhe via as mãos falar. E ela falava bem. Com as mãos e com o corpo. Era bela.
O Fraco, 7ª Parte
Apesar de cada Maria ser diferente da outra, acabam sempre por ser Maria. Vejo minha Maria dentro da “sua”.
Lindíssimo!
obrigado! Muito obrigado.
Maria Bela. É um bom nome.
Maria é sempre um bom nome. Abr
Uma bela Maria!
Parabéns.