Agora corria. À pouco respirava com palavras, agora arqueado, esquivo, à pouco tropeçavam no meu caminho incerto. Sentei-me numa pequena viela depois de ter dali recebido um pouco de silêncio como um bafo fresco. Esperei que o meu corpo parasse, arquejante como explosão, qual lucidez (sabia lá eu o que isso era), precisava de deixar esta forma que sou para vê-la por fora, contar-lhe os defeitos, dizer-lhe o que podias, e o que não devias, arrumá-los na mala e deitá-los no lixo do passado que não tem memória, e como isso era de todo em todo impossível, recostava-me nessa impossibilidade, perguiçava qual estúpido, acomodava-me à sombria existência, aquele comodismo absurdo que se verga à largura da vida, comodismo que inerte tudo, abraçava-me à loucura imprevidente, instalado na ausência (empenhado em iludir os ponteiros do relógio), o tempo que corra que eu fico.
– “Sou imbecil se tu fores.” – acobardo – “Não posso ser só eu o imbecil.” – se alguém pudesse responder por mim, não tinha que viver.
O Fraco, Franz E.