Encontrei-o há uns anos atrás e fiquei surpreendido com a técnica da sua escrita. Mesmo nos momentos mais monótonos, e mesmo que não paremos de dizer “que seca” esta parte, não largamos a próxima página. Lê-lo é como fazer uma viagem por Istambul, não só geográfica, como social, como até psicológica.
Fico retido ainda noutra coisa, é que a sua escrita não descreve personagens nem paisagens nem lugares, fala apenas de acontecimentos, com tanto detalhe que acabamos dentro de Istambul, como se ali vivêssemos desde a infância, na intimidade de uma família e na intimidade da cidade: o livro passa a ser um cérebro de memórias, presentes e futuros, é um organismo vivo fotografado numa linha de tempo.