Não posso. É verdade, não posso. Como lhe posso contar essa história. Por onde começo? E quando o farei? Como o faço? Dizem-me. Alguém me dá essa dica. Pode ser uma simples, mas digam-me que eu, coragem, não tenho. Vamos apertando, apertando, quase que que que… sai, quase que que e… pronto… voltamos atrás, recuamos e sentimos aquele doçura da desistência, fica para outra vez, não é assim tão importante, contamos para dentro, na próxima semana dir-lhe-ei, contar-lhe-ei, na próxima é que é, sei que terei a coragem. E na próxima semana recuamos, e na outra também, até que a ferida apodreceu sem as palavras, até que eu afundei no silêncio, porque não houve coragem de ser, é mais fácil parecer, embora isso se note, mesmo a um cego.