Se vieres depois de mim, verás que nada do que aqui vês, permanece, para além das emoções, para além do vento, do mar, do sol, do frio e do verde, do azul, das cores, dos sorrisos, das tristezas, tudo se altera à medida que vais envelhecendo, é tudo rápido, inseguro, ontem é diferente de hoje, de um momento para o outro, estás só ou os teus filhos estão a tomar conta de ti. De um momento para o outro, tens apenas as fotos da felicidade. Só te fica o olhar. Só te ficam as emoções. As festas em que participaste, os momentos em que sorriste, são agora silêncio nessas fotos. Só te ficam memórias… Pelo meio foram entusiasmos atrás de entusiasmos, coisas novas atrás de coisas novas… e por fim, se te perguntarem, “e afinal, o que interessa?”, não tens resposta. São aquelas não-perguntas. Sentes que queres morrer, é tempo disso, nada do que por aqui se faz, te serve, te anima, te engana, te é novo. Nesse momento, já te dizes: chega-me deste espaço-tempo. Não quero mais, mesmo que não haja outro. Chega.