vazio


eu, tu, ele, ela, [o humano] caminha para o vazio, sem rumo, no interior do vazio, pé ante pé,
outras vezes, arriscando ou avançando sem pensar, desbrava a negritude,
sem lanterna que não as crenças, o modo de ser e fazer, os desejos e as ambições,
os ideais, as ideias, o que acha que é certo, o que acha que deveria ser,

as únicas coisas que lhe iluminam o caminho
e de onde pode ver o que se vai passando em volta,

na maior parte dos casos, aquilo a que não assiste, não existe,
e muito mais se passa a que é insensível,

avança mesmo assim,
sem saber se pisou outros,
ou se o seu caminho é justo,
ou se os outros gritaram à sua passagem,

caminha, bruto, ouvindo o que lhe faz sentido,
surdo-de-facto ao que os outros dizem,
mesmo que lhes oiça os sons
mais só não há como este humano que caminha,

parece não haver tempo para os outros,
parece que somos todos envergonhados,
parece que caminhar é a única coisa que faz sentido,
sem tempo para si ou para os outros,

caminhamos,
mesmo quando estamos ausentes-sentados em frente a uma mesa, em frente aos outros.

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