Tek tek, faz a vida tantas vezes, repete-se esse som, som de um instrumento avariado, de uma máquina invertida, de um queixume gordo. Não é que me sinto a voar, quando de repente, tek tek, lá vem uma cara enfadonha, um mau estar geral, o latejar da inutilidade, o pesar no rosto, a gargalhada comprometida. Não gostamos desses desgostos que pairam, à espera de nos cair em cima, e que de vez em quando, sem hora nem data prevista, espalham-se como areia e zás, já não andamos, já não sorrimos, ficamos com a cabeça entre mãos, a olhar o vazio do tampo da mesa, à espera que passe. Será que é porque esperamos que a vida se perde?