Se eu fosse gaivota também não partiria. Poderia sobrevoar outros lugares vizinhos, mas regressaria à minha praia, ao meu vento e ao meu mar.
No fim, somos todos gaivotas. Regressamos para descansar. Sem lamentos. Sem discussões. Nem sorrisos. Só uma cara lavada, de corpo cheio, olhar intenso e um ligeiro brilho. Voltamos sempre à nossa praia, ao nosso vento, ao nosso mar. Para morrer ou descansar. Sem sorriso nem festa.
Podemos afastar-nos do nosso quintal, percorrer lugares vizinhos, mas regressa-se para ficar. Regressa-se com tudo, com os olhos e o corpo por inteiro, sem pressa nem fanfarra, só essa serenidade de quem já tudo viu e nada lhe interessa do que a humanidade.