Espera-se


Espera-se que a morte a leve
pois já lhe lambe os pés

Até lá, que não lhe falte nada.
Merece não sei,
quem já carrega tal desgraça e tais anos
merece aquele cuidado enquanto a espera.

Eu não lhe disse nada,
o semblante pesado escorraçou-me.
se pudesse, o que lhe teria dito?

Que a morte não se sente,

que o mundo lá fora já não é o seu

já não o reconhece, já não sabe viver aqui

tudo se tornou difuso para ela

mas não para a morte

ou que a vida não nos serve para nada, ou que nada é eterno, só a natureza sobrevive,

as preocupações, os azares, as alegrias, os lugares, as preocupações, agora, não fazem sentido.

já me cansei de viver, disse-me em surdina.

Tivesse eu poder para lhe dar a morte,

dar-lha-ia sem pensar.

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