Terminei, finalmente. Não interessa se isso é bom ou não. É um tempo que passou. Fica a nostalgia. Não interessa se o que escrevo é bom ou não. Desejo que seja útil, nem que fosse apenas para uma pessoa.
O que começou por ser um exercício chega agora a rascunho acabado. Ainda não é livro, nem eu escritor: falta muito escrever.
A estratégia foi escrever. Apenas e só isso. Exercitar a escrita para melhorar a minha comunicação em português. Nada mais fácil se formos nós o tema. Engano. Escrever é mais dificil. Muito mais.
Acabei por ambicionar um livro. A ideia desenvolveu-se e desenbocou, na vida de um jovem adulto durante o embate entre o imaginário e o real, entre as ideias e o concreto, entre o que somos e o que queremos ser, entre o ideal e a realidade, na fase de passagem entre a juventude-com-poucas-responsabilidades para o adulto-absorvido-em-responsabilidades. Esse embate no chamado lugar-tempo, o normal espaço-tempo ocupado pelo espaço geográfico e espiritual: para além de uma realidade física somos também uma realidade psicológica com o tempo a estendê-las e a torná-las complexas e imprevisíveis.
Começou por ser um texto muito abstracto em torno do eu e da experiência interior de viver. Lentamente foi-se tornando mais real até que desembocou numa reflexão restrita. Como me preocupa a questão dos campos de concentração nazis, coloquei a génese familiar nos judeus e o ambiente posterior na questão do silêncio alemão. Trouxe esta família para o Minho de Portugal, uma região de eleição.
Coloquei de lado a geografia, centrei-me em conceitos generalistas, como as viagens, as pessoas que se encontram e a cidade. E ainda mais metafóricos quando introduzo uma ave sábia ou “os outros” com os seus comentários e experiências de vida também sábias.
Começou em 94. Esta aventura, mais de louca e de idealista do que talentosa, começou numa escrita à mão, depois conheceu o computador e em 2003 os olhos de alguém passaram-lhe por cima. Participou no concurso Ler/BCP. Queria que alguém me dissesse que valor tinha. Para além de silêncio, não houve qualquer reacção. Valor não tinha. Se o tivesse alguém o teria dito. Aliás, participei porque disseram que haveria um comentário. Não houve.
Prossegui mesmo assim. Até hoje. Muitas versões, muitos rascunhos, muitas riscos, avanços e recuos. Estamos em 2009. É o que sou capaz.
As preocupações são diversas, reflectir sobre quem somos e como somos, sobre a humanidade desta sociedade, sobre a questão da busca do sucesso, sobre o facto de existirem Outros, diferentes de nós, as irreversibilidades da vida, a perda. Tanto que o ser humano suporta.
Neste texto falo a partir do meu eu com o objectivo de falar de outros eu, todos importantes.
A conclusão é muito simples, O Fraco somos todos, é um homem [uma mulher] comum, à procura de sobreviver no lugar-tempo repleto de perdas e irreversibilidades, em mutação constante, encaixado entre a realidade e o seu lugar-psicológico.
Agora resta editar. Entregá-lo aos outros para que lhes possa ser útil.