Visitam-se exposições atrás de exposições de arte, em qualquer parte deste planeta, e alguma das coisas que se apresentam, levantam muitas dúvidas: será aquilo arte?
Para o comum dos mortais, digamos assim, ou melhor, para quem não tem mais do que dois olhos para observar, a pergunta não faz sentido, a não ser que se faça o esforço para responder.
O que para mim é arte, seja na literatura, na dança, como na escultura, na pintura, no desenho ou nas instalações, é uma representação daquilo que, um humano, faz do ambiente que vive. Recordo-me de Guernika. A guerra faz-se de inúmeras imagens e filmes, mas não nos mostram o desalento, desalinho, sofrimento espinhoso de quem corre entre esconderijos ao som dos uivos de morte, pisando não se cabe o quê, segurando a vida não se sabe exactamente onde. A arte é essa capacidade de representar o que se sente sobre o que um humano vê e vive.
O que espero de uma apresentação artística?
1. Que me surpreenda com uma perspectiva diferente.
2. Que mostre um conceito novo.
3. Que chame à atenção para algo que se passa e que eu desconheço.
4. Que demonstre que foram explorados/trabalhados os conceitos e as novas perspectivas antes da apresentação do trabalho final.
5. Que seja útil.
6. Que demonstre conhecimentos na apresentação estética: que exiba dinâmica e estrutura.

Depois de uma visita à Bienal de Artes de Vila Nova de Cerveira deixo um comentário: embora a qualidade de uma boa parte dos trabalhos fosse excelente, falta o que havia: a interacção com os artistas: passa a ter um aspecto de museu. A bienal prolongou-se muito no tempo, algumas exposições, ao domingo, estão fechadas e, além disso, dispersa-se por diversas vilas e cidades. Como existem diversos eventos ao longo deste tempo todo, estes concorrem com a bienal.