
Um filme põe-nos a milhas do dia-a-dia… é talvez isso que compramos. Repousa-nos em poucas simples palavras, palavras que crescem por dentro, imagens de silêncio, conforto, segurança… tudo nos parece sincero, o planeta por inteiro tem significado, até a tristeza e o sofrimento.É um filme conto de fadas com mensagens que nos aliviam um pouco o fardo, tornar a vida mais simples, um engano, ainda assim simplifica o que nós tornamos complicado, outra vezes, é de facto complicado. Como quando nos surge uma impossibilidade, um cheque-mate da vida, daquelas coisas, que é mau ter cão ou por não ter, o que na verdade, é simplesmente a necessidade de decidir e aceitar a perda.
Dá vontade de ver filmes assim, de vez em quando. Benjamin Button é um filme desses. Fala por dentro, ou seja, diz-nos aquilo que costumamos dizer a nós próprios, diz-nos o que é relevante, que somos todos diferentes e importantes, com características próprias, fala um pouco no sofrimento da perda, torna tudo simples, parece até que morrer é simples “Quando a hora chega, temos que nos deixar ir.”
Fala do carácter único de cada um de nós, de cada lugar-tempo que somos. O estar aqui, neste lugar a esta hora é o resultado de muitos outros acontecimentos e que determina outros acontecimentos, dentro ou fora da nossa vida, mas que nos acabam por influenciar. A vida global. Sempre foi assim, agora é muito mais rápido, é só essa a diferença, torna tudo mais complexo.
O que mais espanta e por isso vale a pena ver este filme, é o facto de se pensar que alguém poderia nascer velho por fora mas com o cérebro de uma criança, e que depois morra bebé com o cérebro de um idoso: é uma ideia brilhante. Depois o exercício cognitivo de pensar as consequências e as impossibilidades de uma situação dessas.