Pastagens do Céu


John Steinbeck - The Grape of Wrath
 
 
“Não há nada de mais precioso do que  confiarmos em nós mesmos.”
 Pastagens do Céu, John Steinbeck, Capítulo VI, p.101, Livros do Brasil, Maio 2008

Nestas releituras vamos encontrando frases que nos param, sentimos o significado, suspeitamos da importância, mas não sabemos como chegar lá, a essa confiança, como é que confiamos em nós próprios, como é que, quem não a tem a consegue ter? O que fizeram, ou o que fizeram por eles, aqueles que têm confiança em si mesmo? É uma questão de progenitores? É uma questão de medos? É uma questão de não ter medo de nos aceitarmos tal como somos? É uma questão de não ter vergonha do que somos? É uma questão de não ter medo da nossa

opinião? Do nosso próprio comentário? Do que fazemos? Ou melhor, de achar que o que fazemos é o que está certo, sem duvidar. É uma questão de dúvida? De autoestima? É uma questão de alguém [significativo] não ter desprezado a nossa colecção de selos? Ou é apenas equilíbrio?

Steinbeck fala-nos da vida junto à terra e daquela que vive por dentro, de uma vida física e de uma espiritual, dos medos, das crenças, dos valores de quem se aventura aqui sem querer. Por fora somos diferentes, por dentro mais ainda.

E, se eram crenças, ao tempo de Steinbeck, que dominavam o pensamento, hoje são as mesmas que vivem por ai, e as histórias também, essas continuam, repetindo-se, com aspectos ainda por explorar, por descrever, ou por entrever.

É de pessoas que fala, é de um tempo vivido, é quando falam os seus livros que os sentimos, mesmo que sejam pessoas a milhares de quilómetros há quase cem anos atrás, parece que os aromas, a sua respiração, os medos e a travessa vida circula, do mesmo modo que circulamos nós que a lemos agora.

“Molly Morgan saiu do comboio em Salinas e esperou três quartos de hora pelo autocarro. Os assentos estavam vazios. Molly era a única passageira.”

Pastagens do Céu, John Steinbeck, Capítulo VIII, p.129, Livros do Brasil, Maio 2008

O passado acaba por caçar-nos; volta-e-meia atinge-nos sem piedade, e nalguns casos, altera-nos a vida. Raramente estamos preparados para receber esse passado, raramente temos o passado resolvido, por isso nos atinge tão por dentro.

“Não era o enforcamento, propriamente, a parte importante que o impressionava; era o ar solene, cerimonioso e sombrio da coisa, como que uma cerimónia ultra-religiosa.”

Pastagens do Céu, John Steinbeck, Capítulo VIII, p.158, Livros do Brasil, Maio 2008

A morte, como tudo o que modifica irremediavelmente, tem muitos pontos de vista diferentes. Contudo, é o acto, que decorre num tempo, que não decorrerá jamais. Mesmo que isso seja assim em tudo o que fazemos, não voltamos ao mesmo lugar, no mesmo tempo, ou melhor, não existem dois lugares-tempo iguais: cada lugar-tempo é único. Isso impressiona. Hoje aqui. E amanhã sabemos que não estaremos aqui. E que jamais voltaremos aqui. Definitivo.

“- Compreendo a sua ideia! – disse o vizinho – É interessante mas não é assim que fazemos por aqui. Construímos uma casita pequena e, se a terra der, construímos outra maior, depois. Não é bom confiar muito num lugar. Pode ter que se mudar.”

Pastagens do Céu, John Steinbeck, Capítulo VIII, p.158, Livros do Brasil, Maio 2008

A crise (2009) instalou-se. Na de 29, dizem que provocou uma guerra mundial, gerou 25% de desempregados e acabou em 45. Nesta não sabemos o que se irá passar. Nunca se sabe. Há um destino, mas só saberemos quando lá chegarmos e entretanto tudo está em aberto. É um destino-aberto. Sabemos que  teremos que mudar muito. O que sabíamos e fazíamos até agora deixou de ser possível. Viver em crédito, acima das possibilidades é um passado com final infeliz. Daqui para a frente, será melhor comer o pão que há na mesa.

Glossário

Plantações de Alcácer –

Leviatãs –

 
 

Mais informação…

http://pt.wikipedia.org/wiki/John_Steinbeck

http://www.steinbeck.org/MainFrame.html

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